Interior garante a vantagem irreversível da radiodifusão comunitária cuja audiência supera a da TV Globo
Este
é o retrato da situação da radiodifusão no Estado de São Paulo, que tem
645 municípios e população de 42 milhões de habitantes. Rádios
comunitárias estão presentes em 512 municípios, mas em 198 municípios
(30% do total) elas são o único meio de comunicação eletrônica
existente.
A situação atual vai, ainda, evoluir rapidamente em
favor das comunitárias quando estiverem operando as 34 Comunitárias da
Capital, daqui a seis meses, e mais 18 em grandes cidades da Grande São
Paulo. Não se leva em conta, aqui, as cerca de 200 rádios não
autorizadas, consideradas piratas.
O dado básico que motivou a
pesquisa foi divulgado pelo IBOPE, publicado no jornal Folha de S. Paulo
e confirmado pela própria Globo, também na Folha: a TV Globo tem
audiência de 17 pontos na Grande São Paulo, cada ponto equivalendo a 58
mil domicílios, cada domicílio com 3,2 pessoas em média.
A Rede
Globo tem audiência de 3.155.200 pessoas, na média diária, nos 39
municípios da Grande São Paulo, com 20 milhões habitantes e, ao menos, o
mesmo no Interior, totalizando uma audiência estadual de 6.310.400
pessoas, As demais redes (Record, SBT e outras) têm também 17 pontos de
audiência. Isso significa que, na Grande São Paulo, 6.310.400 pessoas
se expõem diariamente à tevê aberta; e que, no entanto, os outros 66
pontos (13.689.660 de pessoas), na hora das pesquisas do IBOPE, estão
com os receptores desligados ou migraram para canais fechados, DVDs,
filmes, internet e outros meios.
Não há pesquisas abrangentes
sobre as rádios comunitárias, que não tem recursos, para custeá-las, mas
a análise objetiva da situação revela indicativos seguros da audiência
maior da radiodifusão comunitária, que vai crescer muito também por
causa da a abertura de editais pelo Ministério das Comunicações.
Na
Grande São Paulo, onde o IBOPE faz pesquisas sistemáticas, como em
outras 10 regiões metropolitanas, funcionam poucas rádios comunitárias.
As 34 autorizadas para a capital, com 12 anos de retardamento, só agora
começam a funcionar, com previsão de até 20 mil ouvintes cada no
futuro.
As pesquisas da Grande São Paulo, com 47,6 % da população
estadual, são geralmente apontadas como boa indicação para o resto do
Estado, mas no Interior muitas pessoas podem almoçar em casa, ver o
noticiário, e ver mais tevê à noite. É possível ter 10% mais
telespectadores que a Grande São Paulo.
Dessa maneira, a audiência
da tevê aberta na Grande São Paulo, de 6.310.400 pessoas, seria mais ou
menos igual à do resto do Estado, mas, com os 10% que podem ser
acrescidos para o Interior, o total da audiência de tevê aberta pode
chegar a 14 milhões de pessoas – um terço da população paulista.
Situação no Interior
A
relação da audiência da radiodifusão comunitária com a audiência da
rede Globo de TV e dos canais abertos de televisão, no Interior do
Estado de São Paulo, se deve a fatores muito diversos, o primeiro deles
sendo o fato de não existirem rádios sediadas, de qualquer tipo, em 30%
dos Municípios.
Do total de 645 municípios, 219 municípios, ou
seja 34% do total, não sediam rádios FM comerciais; e 291, ou seja 45%,
não sediam rádios OM. Rádios FM comerciais têm sede em 426 municípios
(66% do total) e cerca de 600 rádios FM comunitárias estão presentes em
510 municípios, 79% do total.
Os 510 municípios sem rádios OM ou
FM têm população de 14 milhões (13.998.778) de habitantes, número igual
ao total de pessoas ligadas na TV aberta, sendo razoável estimar que
cerca de 50% dessa população sejam ouvintes de comunitárias, único
veículo no lugar, e que costumam chamar de seu. A estimativa leva em
conta a tradição quase secular de se ouvir rádio, mais no Interior do
que nos centros das grandes cidades; e o fato de as rádios tratarem da
vida local e, como comunitárias, serem consideradas “da Comunidade”,
pois sua programação e seus microfones são abertos à população local.
Muitos
desses 510 municípios têm menos de 10 mil habitantes; muitos outros
tem mais de 100 mil, como Ferraz de Vasconcelos, com 174 mil; Embu, com
244 mil; Itaquaquecetuba, com 348 mil e Carapicuíba, com 387 mil. Há
concorrência de rádios FM de outras cidades, mas cresce a preferência
por rádio local.
Conclui-se, parcialmente, que somente os 510
municípios sem rádios OM e sem FM podem expor às rádios comunitárias um
número de ouvintes equivalente à audiência da tevê Globo, fazendo as
comunitárias subtotalizar, já, cerca de 7.140.000, com uma média de 14
mil ouvintes/município.
Enfim, falta levar em conta 330 municípios
onde a FM comunitária concorre com FM comercial. Estima-se que oferecem
mais 3,3 milhões de ouvintes às comunitárias, com média de 10.000 por
município, o que elevaria a audiência total da radiodifusão comunitária a
perto de 10,5 milhões de ouvintes.
Essa pesquisa, combinando dados
públicos e oficiais com estimativas, está sujeita a testes de validade,
mas traz a certeza de que a audiência da radiodifusão comunitária
ultrapassa, com folga, à da rede Globo de TV, e avança na direção de
alcançar, em poucos anos, a das redes de tevê aberta no Estado de São
Paulo.
Repete-se no Brasil o que ocorreu nos Estados Unidos,
onde, em 10 anos, a internet derrubou em 25% a audiência de televisão,
mas apenas em 1% a audiência das rádios que, lá têm a tradição de
serem locais.
da agencia abraço
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